2021-06-29

Exposição de Conan com Susana Resende e Daniel Maia

Os ilustradores Daniel Maia e Susana Resende, que em Junho editaram desenhos do mais famoso bárbaro da literatura na antologia Os Contos mais Épicos de Conan, de Robert E. Howard, participam agora na mostra itinerante que a editora Saída de Emergência cedeu à cadeia de lojas Fnac, e que, em parceria entre as entidades, será exposta nos auditórios das megastores até ao final do ano.
A exposição estreou-se em Julho na Fnac Chiado (Lisboa), a par da apresentação do livro.

Locais/Datas:
Fnac Chiado (Lisboa) - Até 31 de Julho
Fnac Sta. Catarina (Porto) - 1 Setembro a 25 Outubro
Fnac Coimbra - 1 Novembro a 4 Janeiro de 2022
Fnac Faro - 13 Janeiro 2022 a 31 Março de 2022

2021-06-27

Patrícia Costa anuncia Crónicas de Enerelis vol.2

As Crónicas continuam! A autora Patrícia Costa, autora da série de banda desenhada Crónicas de Enerelis, com o Volume 01 – Prelúdio recentemente disponibilizado para venda ao público, encontra-se a fazer os preparativos finais para o lançamento de mais uma campanha de crowdfunding para pré-vender a edição ao público, com o objectivo de financiar a impressão do Volume 02. A campanha prevê-se vá arrancar durante o mês de Julho e Agosto. 

O 2º volume, com o título Sangue, dá sequência aos eventos do primeiro tomo e vai permitir aos leitores conhecer mais um pouco do passado do protagonista, Eyren Caeli, tal como irá explorar novos ambientes e desafios. A visão sobre este mundo mágico vai abrir-se mais um pouco e começar a mostrar a complexidade e riqueza dos seus territórios e dos povos.

Enquanto os preparativos da campanha editorial estão a decorrer, a exposição “Enerelis – A Criação de um Mundo Novo”, que esteve patente na Casa Mora – Museu Municipal do Montijo, vai ser apresentada no dia 3 de Julho, na Biblioteca Municipal Dr. Hermínio Duarte Paciência, em Alpiarça. A inauguração decorre a 3/07, às 18h, e – até informação contrária, dependente de indicações pela DGS – contará com a presença da autora.

Todas as informações são disponibilizadas nas páginas das redes sociais das Crónicas de Enerelis.

2021-06-24

Leitura Tágide 5 – Fahrenheit 451: O Romance Gráfico

Fahrenheit 451 - Novela gráfica de Tim Hamilton/Ray Bradbury. Ed. Relógio D' Água

Ray Bradbury (nascido a 22 de Agosto de 1920 e falecido a 6 de Junho de 2012, com 91 anos) foi um prolífico escritor e argumentista norte-americano. É mundialmente conhecido pelo seu livro Fahrenheit 451 (1953), pela colectânea de contos de ficção-científica Crónicas Marcianas (1950) e o Homem Ilustrado (1951). Escreveu argumentos para cinema e televisão como a versão de 1956 de Moby Dick (com Gregory Peck e realizado por John Huston), e vários dos seus trabalhos foram ainda adaptados para a televisão e banda desenhada.
A sua produção literária abrangeu a ficção-científica, o fantástico, terror, adaptação de argumentos cinematográficos/televisivos e literatura policial. Bradbury colaborou ainda na série televisiva The Twilight Zone (séries de 1959-64, 1985-89, 2002-03 e 2019-20) e The Ray Bradbury Theater (1985-1992), para a qual adaptou vários dos seus contos.


A sua obra mais celebrada, Fahrenheit 451 (1953), escrita em plena Guerra Fria, releva os males da censura e do controlo de pensamento em estados totalitários. A história ficou mundialmente famosa após a adaptação para o cinema pelo cineasta francês François Truffaut, em 1966. Nos papéis principais encontramos Oskar Werner (Guy Montag) e Julie Christie (Clarisse/Linda Montag). A versão cinematográfica mais actual (2018) pertence a Ramin Bahrani e o argumento é co-escrito com Amir Naderi. Nela contracenam Michael B. Jordan (Guy Montag), Sofia Boutella (Clarisse) e Aaron Davis (Guy Montag em criança).
O livro entrou de forma perene na tradição dos grandes livros "distópicos" (1984, de George Orwell, recentemente adaptado a novela gráfica por Fido Nesti e editado pela Alfaguara, ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, entre outros). O Homem ilustrado também teve direito a versão cinematográfica (1969), com Rod Steiger no principal papel e realizado por Jack Smight. O conto “Um Som de Trovão” foi igualmente adaptado ao cinema por Peter Hymans, em 2005. Nele contracenam Catherine McCormack, Edward Burns e Ben Kingsley.

Os seus contos foram amplamente adaptados ao universo da banda desenhada. Vários foram os artistas que interpretaram as sua visões. Entre eles, Jack Kamen – “A Mulher que Gritava” (colaborações em Weird Science/Fantasy Books – anos 50), Joe Orlando (colaborações em Jonah Hex e The Swamp Thing – anos 60), Jack Davis – “A Roda-Gigante” (colaborações em Mad Magazine – anos 70), George Evans – “O Pequeno Assassino” (responsável pela adaptação a banda desenhada do filme When Worlds Collide), Al Williamson – Time Safari (colaborações em Weird Fantasy e Weird Science, entre 1952 e 1955).
A maioria (16 livros) da obra de ficção científica de Bradbury encontra-se editada em Portugal através da saudosa coleção Argonauta (Livros do Brasil - 1953 >).

Num capítulo pessoal a obra Fahrenheit 451 inspirou-me numa versão de banda desenhada, onde em vez dos possuidores de livros serem perseguidos, eram os possuidores de filmes que o eram. Chamei-lhe “A Última Sessão” e era inicialmente previsto ser publicado na revista Cineasta, editada pela FPCA – Federação Portuguesa de Cinema e Audiovisuais. A revista foi entretanto descontinuada o que não impossibilitou a adaptação a cinema (realizada no formato Super 8) por João Paulo Ferreira, entretanto falecido (nascido em 1943), realizador icónico do cinema underground dos anos 70 e 80. O filme encontra-se em parte incerta, mas a banda desenhada curta será incluída em breve no fanzine Outras Bandas #6.


O livro que vamos analisar trata-se da adaptação de Fahrenheit 451 (supostamente a temperatura a que ardem os livros), de Tim Hamilton, recentemente editado pela Relógio D’ Água.
Hamilton (nascido em 1966) é um desenhador nova-iorquino que colaborou entre outros com a revista MAD, a DC Comics, Dark Horse Comics, a Nickelodeon Magazine e o jornal The New York Times. Entre os seus trabalhos na área de banda desenhada destacam-se The Trouble with Girls (escrito por Will Jacobs e Gerard Jones, e desenhado por Hamilton entre outros) e Welcome Back, Mr.Moto (personagem criada por John P. Marquand e interpretada no cinema por Peter Lorre (anos 1937-39)). Também adaptou a romance gráfico, a obra de Robert Louis Stevenson, A Ilha do Tesouro. Hamilton foi membro fundador do website de comics on-line ACT-I-VATE (2006-2019), onde criou as séries “Pet Sitter” e as “Adventures of the Floating Elephant”.
Em 2010, a adaptação da obra de Ray Bradbury (que contou com a permissão do autor) valeu a nomeação a Hamilton para os Prémios Eisner na categoria de Best Adaptation of Another Work. As premissas do livro, de 149 páginas, apontam para uma sociedade onde a função dos bombeiros deixou de ser apagar fogos, para serem os incineradores de qualquer vestígio dos mesmos e dos bens dos seus possuidores. Os livros são encarados como despoletadores de dúvidas, inquietação e de infelicidade.

Dividido em três partes (A Chaminé e a Salamandra; A Peneira e a Areia, e Fogo Vivo), a história acompanha Montag, membro de uma das corporações que começa a questionar-se sobre a sua função, após o encontro com Clarisse, uma vizinha desconhecida. A sua curiosidade pela razão porque as pessoas devotam a sua vida a proteger e a memorizar as obras literárias vai levá-lo à sua perdição. No prefácio de Ray Bradbury, este questiona o leitor sobre qual seria a obra que escolheria proteger e/ou memorizar em caso da ficção se tornar realidade... Mais tarde no parque da cidade, Montag cruza-se com Faber, um idoso que lhe fala do sentido das coisas, numa sociedade em que o ter é sobrevalorizado em relação ao saber.
É interessante que uma obra que se debruça sobre o poder da palavra escrita (mas também oral) veja as imagens darem-lhe força. Num traço enérgico, marcado por sombras contrastantes, as cores predominantes são o negro, o amarelo e o vermelho, afinal as cores quentes do fogo. Os tons nostálgicos do azul vão pontuando as restantes páginas.
A estrutura das páginas apresenta essencialmente uma ilustração de fundo, a abarcar a sua totalidade, sendo então introduzidas grelhas de vinhetas assentes em múltiplos de 6 ou 4. Mas tal não impede que a criatividade de Hamilton busque outras alternativas. Na página 47, a alusão às obras Moby Dick, argumento adaptado ao cinema por Bradbury e A Ilha do Tesouro, adaptada à BD por Hamilton. “Os livros converteram-se, no dizer do raio dos críticos pretensiosos, em água suja. Não é de admirar que tenham deixado de vender. O público sabia o que queria e deixou que a banda desenhada sobrevivesse.” (p.48); Mais à frente, na p.78, “Lembre-se de uma coisa: os bombeiros raramente são necessários. As pessoas deixaram de ler por sua iniciativa” (p.78). Palavras desanimadas dos autores.
A impressão é cuidada em papel de boa gramagem, lamentando-se infelizmente a falta de uma capa dura.

José Bandeira


You don't have to burn books to destroy a culture. Just get people to stop reading them.”
Ray Bradbury

There is more than one way to burn a book. And the world is full of people running about with lit matches.... Every dimwit editor who sees himself as the source of all dreary blanc-mange plain porridge unleavened literature, licks his guillotine and eyes the neck of any author who dares to speak above a whisper or write above a nursery rhyme.”
Ray Bradbury, Coda

There must be something in books, something we can’t imagine, to make a woman stay in a burning house; there must be something there. You don’t stay for nothing.”
Ray Bradbury, Fahrenheit 451

Stuff your eyes with wonder, he said, live as if you'd drop dead in ten seconds. See the world. It's more fantastic than any dream made or paid for in factories.”
Ray Bradbury, Fahrenheit 451

If you don't want a man unhappy politically, don't give him two sides to a question to worry him; give him one. Better yet, give him none.”
Ray Bradbury, Fahrenheit 451

2021-06-19

João Raz contribui BD para Aurora Boreal

Após o destaque a José Bandeira, outro autor com afinidade ao colectivo Tágide que participa na antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados é João Raz, que assina duas BDs de prancha autoconclusiva, com argumento por José de Matos-Cruz. A obra, que conclui a saga editorial da enigmática e cósmica heróina Aurora Boreal (2018-2020), convida vários autores de BD nacionais a contribuir com BDs curtas para o projecto.

O mais recente destaque no blog Imaginário-Kafre, onde a rubrica
Aurora Boreal em Quadradinhos tem publicado breves artigos sobre os artistas em causa, partilha agora uma página com desenho e meios-tons digitais pelo João Raz, onde este ilustra o texto “Aurora Boreal e a História Sem Memória”, bem dimensionado aos gostos criativos do autor por temáticas oníricas e espaciais. Mais informação AQUI.

2021-06-10

Nuno Dias premiado em concurso Demon Slayer

O jovem ilustrador Nuno Dias foi premiado com o 3º lugar no concurso “Demon Slayer/Kimetsu No Yaiba – O Filme: Comboio Infinito,” promovido pela Comics Jankenpon e Editora Devir.

O concurso, que também consagrou Inês Infante (1º lugar) e Gabriela Sá (2º lugar), mais Ana Monteiro (4º lugar) e Daniela Costa (5º lugar), desafiou à criação de uma ilustração
fan-art alusiva à manga/anime, criada por Koyoharu Gotouge entre 2016-2020, tendo a criatividade da peça e a técnica demonstrada sido factores para as atribuições.
O desenho do Nuno foi criado em formato digital, incluindo trama de ziptones.

2021-06-08

Leitura Tágide 4: Monsters

Monsters - A lição de banda-desenhada do mestre Barry Windsor-Smith

Produto da imaginação, talento, ofício e persistência do autor de banda-desenhada britânico Barry Windsor-Smith,
Monsters, ao longo das suas 360 páginas, explora a forma como os efeitos perversos da violência se repercutem ao longo de gerações, afetando não só as vítimas diretas, mas também as que se encontram mais distantes, no tempo ou no espaço. Desenvolvida ao longo de trinta e cinco anos, esta é daquelas bandas-desenhadas que foi ganhando perfil de lenda muito antes do anúncio final da sua publicação num único volume. Não irei aqui entrar em muitos pormenores acerca da produção deste livro, mas posso referir que a sua origem se reporta a meados da década de 1980, quando o autor colaborava com a Marvel Comics. Na época, Windsor-Smith começou a trabalhar em Thanksgiving, uma história de 23 páginas que exploraria os traumas de infância de Bruce Banner como possível origem secreta do Incrível Hulk. Segundo o autor, originalmente era seu desejo conferir alguma profundidade emocional ao Hulk, uma personagem icónica por quem, o seu irmão mais novo, com Síndrome de Downe, nutria particular afeto. Entretanto, sem conhecimento do autor e antes que a banda-desenhada estivesse concluída, a sua ideia foi publicada pela editora sob autoria de outros, levando ao desentendimento de Barry Windsor-Smith com a Marvel. Nas décadas volvidas, o autor continuou a desenvolver esta banda-desenhada, acrescentando-lhe pranchas, explorando personagens e ramificações da história, transformando-a numa obra própria e independente, sem referências diretas às suas origens e com a ambição de um romance literário. O resultado é um livro adulto e perturbador que, apesar de deixar vislumbrar perfeitamente as suas raízes, está muito longe dos registos infanto-juvenis de ação e aventura do super-herói onde se originou.


Num resumo muito simples e que não faz, de todo, justiça à sua complexidade narrativa e dramática, o livro vai-nos apresentando as consequências e as causalidades por trás da tragédia anunciada nas primeiras pranchas, o espancamento brutal de Bobby Bayley, um menino de oito anos, pelo seu pai, um veterano de guerra, em 1949, que lhe deixará cicatrizes físicas e psicológicas para o resto da vida. Após a cena inaugural, traumática e incontornável, à qual o livro acabará por retornar, dá-se um salto cronológico até 1964, seguindo um jovem Bobby Bayley, que se apresenta como voluntário para o exército norte-americano. Recrutado pelo sargento MacFarland, um militar afro-americano que acabará por desempenhar um papel fundamental em toda a trama, o jovem é encaminhado para um projeto militar secreto, fruto da integração da ciência nazi na sociedade norte-americana, à semelhança da Operação Paperclip, que o transformará irremediavelmente num monstro. Assombrado por visões do destino horrendo de Bobby, mas incapaz de perceber o elo profundo que os une, MacFarland procurará a todo o custo remediar os efeitos das suas ações, mesmo que para isso tenha de sacrificar a sua própria família...

Após a trama de suspense da primeira centena de pranchas, a narrativa prossegue focando-se na vida pessoal dos membros da família Bayley em diferentes momentos e regredindo no tempo, apresentando um mosaico de profundo humanismo e detalhe, num crescendo de dor e sofrimento, até culminar num brilhante
götterdämmerung da Alemanha nazi, antes do epílogo agridoce e possível. Ao explorar esta temática complexa, Windsor-Smith acaba por reconhecer, enquanto autor, a incapacidade humana em encontrar uma resposta para o mistério da iniquidade, nunca chegando a resolver o enigma da origem do mal. No fundo, todos nesta narrativa, em menor ou maior grau, acabam por demonstrar alguma monstruosidade, por fora ou por dentro. No entanto, à boa maneira hippie, o autor conclui o livro apresentando o amor como único caminho para uma possível redenção.


Talvez a referência mais acessível para o grande público perceber o género em que Monsters pode ser inserido enquanto história, seja o trabalho do escritor Stephen King, amplamente divulgado não só pelos livros, mas principalmente pelas suas ubíquas adaptações aos meios audiovisuais. À semelhança de King, mas utilizando a BD em vez da prosa como meio de expressão, Barry Windsor-Smith desenvolve aqui uma obra que: integra elementos como a composição cuidada e rica das personagens, do tempo e do lugar num modo naturalista; revela um certo fascínio pela chamada Americana, patente nesta obra, por exemplo, nas referências aos próprios comic books, a Norman Rockwell, a Andrew Wyeth ou às small towns iconizadas pelo cinema de Hollywood e pelas séries de TV; apresenta o sobrenatural como uma das forças motrizes da trama, através de personagens com capacidades paranormais e a proliferação de coincidências e sincronismos inesperados. Finalmente, tal como em King, sobre toda esta tapeçaria paira, como uma nuvem escura e densa, o mal, representado pelas forças militares e serviços secretos norte-americanos, pelos horrores da eugenia, pela violência doméstica ou pelo nazismo. Não creio que King seja uma influência consciente no trabalho de Windsor-Smith, mas é o atalho mais fácil para retratar um pouco esta história para um público alargado. Na prática, estas semelhanças serão mais devidas ao facto de ambos os autores serem baby boomers, produtos de um determinado zeitgeist e com influências comuns.

Na minha opinião, o grande trunfo desta obra é o desenho, como naturalmente seria de se esperar numa BD. Feita integralmente a preto e branco, sem tons de cinza, tramas decalcadas ou digitais, o leitor vê-se face a face com um desenho sem filtro, como se estivesse a olhar para um manuscrito. Esta frontalidade produz um efeito de intimismo, que reforça o caráter humanista da história narrada. Barry Windsor-Smith deslumbra ao explorar ao máximo os limites do desenho, do rigor, do pormenor, das texturas e do claro-escuro, num registo a tinta, preto/branco, esbanjando virtuosismo. Estamos diante de um registo que quase se poderia epitetar de académico ou clássico, sem, no entanto, deixar alguma vez de ser banda-desenhada. A diagramação inteligente e adequada a cada sequência da história, a profusão de omonatopeias e o uso inteligente e adequado dos balões de fala enquanto dispositivos de direcionamento do sentido de leitura ao longo das pranchas, deixam sempre bem patente que, independentemente das suas influências vindas da pintura ou do desenho académico, Barry Windsor-Smith é, e continua a ser, um herdeiro da tradição dos
comic books segundo Jack Kirby.

Para terminar, devo dizer que normalmente não me comovo facilmente com a leitura de livros de BD. Aqueles que me conhecem pessoalmente sabem que tenho uma profunda paixão pela banda-desenhada, mas, regra geral, a minha fruição deste meio de expressão concentra-se mais em aspetos formais ou estéticos. Contudo, surpreendentemente e contra todas as minhas próprias expetativas, no final, Monsters conseguiu o improvável: comover-me. E muito. Obrigado, Barry Windsor-Smith.

Pedro Cruz

2021-06-06

Tágide: Heróis Portugueses XXV

Na recta final para concluir esta iniciativa com 100 heróis portugueses de banda desenhada, hoje destacamos três novas personagens de décadas diferentes:

A repórter Dorita (ilustrada por Mário André), de José Vilhena, foi criada em 1974 para a revista satírica Gaiola Aberta, produzida e editada pelo prolífico pintor e ilustrador. A curvilínea Dorita, uma "mulher da vida" com curiosidades sócio-politicas, surge em inúmeras sequências de humor de duas páginas, intituladas "Dorita e as suas Sondagens", sendo por vezes também figura de capa. A personagem acompanha o autor noutros títulos, tais como O Fala-Barato, O Cavaco, O Marginal, O Moralista, e ainda a 2ª série de Gaiola Aberta.


O Pirilau (ilustrado por João Raz), de José Cottinelli Telmo – famoso arquitecto, realizador, actor, músico, cenógrafo, autor de BD e ilustrador –, surgiu em 1920 no Magazine ABC, com "As Aventuras Inacreditáveis – e com razão – do Pirilau que Vendia Balões", cujo sucesso propiciou a edição da revista infantil ABCzinho, gerida pelo próprio. A revista duraria até 1929, devido ao seu enorme sucesso, onde o autor assinava como "Tio Pirilau". Em 1999, a Baleiazul/Bedeteca de Lisboa publicam a colectânea monográfica O Pirilau que Vendia Balões é Outras Histórias.



Por último, eis a Alice (ilustrada por António Coelho), de Luís Louro, surgida em 1995 no álbum Alice na Cidade das Maravilhas. Reeditada quatro vezes até ao final da década, a obra esteve esgotada até 2020, aquando a Ala dos Livros lança uma edição comemorativa do 25º aniversário. Visualmente, Alice tem também partilhado a Lisboa d'O Corvo (outro herói do autor), através de cameos.

2021-06-02

José Bandeira assina BD de Aurora Boreal

O projecto de álbum de BD antológico, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, do autor José de Matos-Cruz, tem vindo a fazer destaque às várias obras curtas que irá publicar, alusivas àquela cósmica heroína. A obra concluirá a saga de Aurora Boreal (2018-2020) com uma adaptação desta das páginas de prosa ilustrada para os quadrinhos da banda desenhada, tal como havia sido feito com o herói Infante Portugal (2017), e desde Março que o blog do autor, Imaginário-Kafre, tem vindo a referir as BDs editadas previamente e os seus autores, entre os quais se contam dois nomes familiares.

Agora, a rubrica Aurora Boreal em Quadradinhos passa a fazer antevisão das novas histórias, inéditas, actualmente a ser produzidas, e que trazem para este universo ficcional lusitano alguns novos autores. O primeiro dos quais é o José Bandeira, que contribui com uma BD onírica e misteriosa, que cruza a titular Aurora Boreal com o enigmático poeta Álvaro Pessoa, cujas aptidões secretas e espectrais o José explora na sua história, que terá também a participação de José de Matos-Cruz no argumento.
Mais informações AQUI.