A
antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, coeditada pela
Kafre, do escritor José de Matos-Cruz, e Arga Warga, do autor Daniel
Maia, lançada em Maio no FIBDB e com trabalhos de João Raz, José
Bandeira, Nuno Dias e Susana Resende, entre outros, recebeu duas
críticas no sector, sendo a primeira uma resenha breve do portal
BandasDesenhadas e a última uma análise a fundo pelo blogue
Vinheta2020. Aqui ficam alguns excertos:
SF,
em BandasDesenhadas:
“Estas
bandas desenhadas curtas dedicadas à Aurora Boreal, realizadas a
diversas mãos, apresentam registos muito díspares. Contudo, é uma
leitura que vale a pena realizar!”
Hugo
Pinto, em Vinheta2020:
“Devo
admitir que o alcance das histórias deste livro me surpreendeu. E
quando digo que me surpreendeu não tem de ser, forçosamente, uma
coisa positiva nem negativa. Surpreendeu-me pois não conhecia todo o
envolvimento em torno da personagem de Aurora Boreal. E talvez por
esse motivo, fiquei quase atordoado com toda a viagem onírica que
esta personagem transporta consigo e que está bem patente nas várias
histórias que constituem esta antologia.
Dito
por outras palavras, se esperam encontrar uma leitura simples e leve,
como é, muitas vezes, apanágio das antologias de banda desenhada,
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados não será para vós. Por outro
lado, se apreciam poesia, questões do metafísico e banda desenhada…
é bem provável que devam conhecer esta antologia.
A
personagem que dá mote a estas histórias foi criada em 2012 por
José de Matos-Cruz e apareceu na sua trilogia de livros dedicados a
O Infante Portugal. É uma figura feminina e sensual, carregada de
elementos cósmicos, que a fazem parecer uma deusa do imaginário.
Não
diria que exista nestas histórias uma linha narrativa que nos conte
uma história concreta à volta da personagem. Ao invés, vão-nos
sendo dado abordagens diferentes que colocam Aurora Boreal em
variadas situações. Mas há sempre um toque de fantástico, de
exótico e de transcendente nestas histórias.
Em
muitos casos – não há como não – o leitor acaba por se perder
na própria premissa, já que a mesma é demasiado lata e abstrata.
No entanto, por vezes também sabe bem deixarmo-nos levar por
narrativas mais psicadélicas. É o caso.
O
estilo de ilustração que aqui podemos encontrar é expetavelmente
muito variado, dada a quantidade de autores que participam na
antologia.
Destacam-se
o belo estilo de sketch a carvão de Susana Resende, o estilo
realista de Daniel Maia, o estilo mais clássico de José Ruy, ou a
abordagem mais estilizada e abstrata de Renato Abreu.
Como
história, propriamente dita, fiquei agradavelmente surpreendido com
“Aurora Boreal e o Reverso do Universo,” com desenho de José
Macedo Bandeira, que nos dá um belo conto ambientado na temática de
Fernando Pessoa.
Já
quanto aos desenhos, enquanto confesso fã das ilustrações de
Daniel Maia, posso dizer que as mesmas não desiludem e que revelam
como o autor é virtuoso na execução de belos desenhos. Além
disso, também tem a capacidade para ilustrar vários tipos de
ambientes e histórias diferentes, o que revela que é um autor com
um potencial enorme, ainda por explorar.
Em
termos de edição, tendo em conta que é independente, parece-me que
o trabalho é bastante decente. Este livro a preto e branco tem capa
mole e um papel brilhante que me parece adequado. Acho apenas que
deveria ter sido feita uma maior divisão entre histórias, uma vez
que, por vezes, ainda estamos mergulhados numa história e já o
conto seguinte começou. Julgo que mesmo que não fosse dada uma
página branca entre histórias, ao menos poderia ter sido feita uma
divisão gráfica mais inequívoca.
Em
suma, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, pelo universo
alegórico-fantástico que traz consigo, é uma antologia bastante
original na sua génese. Nem sempre de fácil de leitura, relembro,
mas audaz nos intuitos de significados profundos que procura
atingir.”
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